Procurando o quê?

siga-me

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Solidão das palavras (Microconto)



Se ele pensa que o filtro desse cigarro afasta qualquer possibilidade de ser acometido por um câncer no pulmão digo que está ligeiramente enganado. Ha dias que seus lábios cheiravam a nicotina e sua alma fervia de terror. Seus fantasmas resolveram aparecer de repente. O pior das experiências pessoas estavam ali do outro lado da parede vigiando cada respiração sua. Um passo seu era motivo de gargalhadas. Um silêncio seu causava náuseas no telhado do lado. O que há de pior no convívio social do que a família e suas leis?Se não é por proteção é por pura inveja e desejo que o outro seja acometido por um carro na esquina.
                O cinzeiro entupido de cinzas. Uma grossa camada de poeira descansava sobre os poucos móveis. Faltava ali uma mão feminina, puro machismo meu. Ha dias deu pra querer saber o que o mundo pensava. Seu silêncio se fortaleceu a cada respiração sua.Sua vontade de ver as pessoas estava temporariamente adormecida.Estar ali parado para sempre era um desejo constante.Seria melhor pra ele.
A Mãe percebia o sufoco. Mas quem disse que seria ela a Mao amiga que naquele instante desejava?Não, não!Ela seria a ultima das almas.Ela que sempre me atingiu com seu amor.Definitivamente o amor da minha Mãe não serve pra mim.